Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Cri! Proferiu o anjo
Ensurdecedor se fez o silêncio 
Teriam os sabugos olvidado?
Não afirmo!

Fato é a chuva a se expor
E condensada, escorria 
Pelas janelas, ladrilhos e caras lavadas.

Havia trilhos a lambiscar os dentes
Tarde-noite da envidia.

Dois corações apartados e doridos
Um lampejo, um assomo.

Periférica forma de (re)inventar a felicidade 
Eia!
Olhares, odores, sabores, intenções, o inverso da entropia.

O universo os entopia!
Estrelas, cadências, despropósito, atropelo da razão 
De roldão:
O amor desnudo, visceral e latente às vistas inexoráveis
E o exsudado fervente da apocalíptica essência!

Ah, pífios mortais! Reles escórias.
Nunca viverão o que sentimos.
 

DATA VENIA - Cesar Poletto

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