Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

A TI, RELES EXISTÊNCIA
Dou-te a pluma, interstício visceral
Em troca do nada, cruel e abissal
Mas rogo clemência a me apertar inebriante ausência.

Não fui gerido a parir escolas
Tampouco a flutuar no claro
A não ser pela essência, a não ser pela essência.

Ao invés do convés, o casco
Mais lastro a me abster da dor mais indolor
Impoluto e, de luto, sigo
Em marcha à ré dos meus réus anos sem apreço.

Sou águas, demasiadamente sufocadas
Neste que é o dia da fé
O indecoroso e sem mel, crudelíssimo céu!

Há de me evoluir por celestes e réprobos incestos
Cantos de sereias e o budião à caça da gira
Sem velas, braquiárias encontrar-se-ão.

Haverá espíritos inexistentes por céticas causas
Uma andorinha de saia; toda nua, toda minha
Sorvendo Ediwiges, rangendo em portas sem aldravas.

Ouvirei por vozes alheias, ininterruptos algozes
A onomatopéia do verso e o ente menos querido
Entre a raça humana e o caldo exsudado, há muito.

Muitíssimo mais do que o perquirido
Lentíssimo cais a averiguar tal manifesto
Na lajota, hei-me intenso e convoluto.

Se não me compreendes hoje (no dia mal passado)...
Quem dirá em ternos de linho asseado - cio de minha morte!
[a sentir ânsia na riba do esculacho].

Ah, reles existência!
Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 21/11/2008
Alterado em 22/11/2008
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