Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

AH, SE NÓS TIVÉSSEMOS ALMAS AZUIS!
Jamais o medo!
Interveio o mar, distante
De odisséia e apelo constante
Verdejante e prásino – quase livreto
Outrora, soubera voar
Para outras tantas terras
Sob castas lendas
A apologia a se interar das coisas
E pouco gelo, pouco peixe, feixe de pus
Safa água, encorajada e livre
Por intempéries; por doença dos “sapiens”.

Quisera o mar ser gaivota
A marinar o homem e a o comer de sobremesa
Perante o infindo e magnânimo azul
Gigante ínfimo despedaçar de vida leda
Deste enorme e ralo planeta
Dessa falência que nos abomina e nos leva a pique
Sem estrelas, sem ouriços, sem cantos
A emergir nos sóis, a reagir... lençóis
Molhados, cavoucados à cabeça pesada
Quase mortos os cânceres desta dor pulsante.

Não seque o mar, não sequem o mar!
Há bebezinhos que nele se aleitam
Claves enternecidas rasgam na aurora a perquirir
Jamais o medo!
No mais claudicante e delicado gesto de desintoxicação humana
Há um solo que suporta e aporta
Há cetáceos nos fitando sem ódio – não sabem de nada!
E nós, poucos de nós, importando-se, importunando-se com tudo isso
Não há escoamento, não há desvelo!
Ah, se fôssemos força em vez de fossa!
Ah! Se nós tivéssemos almas azuis...
Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 20/02/2009
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