Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

VÉSPERA DO PRAZER
Por um processo lento e enfadonho
Olho, descrente, o calendário e as cinzas
Nunca neguei que eu fui escada
Foi-me a nau, precária e tal; veio-me a sangria.

Fiz alquimia do nada; entornei o veneno da dor
Por mais verosilhança que tivesse com o espeto: era eu!
Mugindo debaixo do cobertor de açúcar - nó no peito
Nem por Deus, nem por ninguém.

Apenas a ausência me lançou os tentáculos
Agarrei-me às nuvens com a fúria da essência
(estava tremendo; havia supremo "a só")
E eu ali, comigo, na varanda que o prélio trouxe.

Pensei em encoleirar o raivoso e singrar
Deixaria a âncora, mas não me livraria das amarras
Ah, essas amarras!
Se eu pudesse sorver, moveria o oceano a me acompanhar:

Isso sim, seria prazer!
Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 06/07/2009
Alterado em 06/07/2009
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