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O CATRE DO PRETÉRITO
Não pude escutar o silêncio
Amputava tais dedos de chumbo Não escutei a chuva que morria, mansinha Não pude duvidar do fel o olor... respondeu-me com ojerizas. Só o instante se pôs a bisbilhotar no escuro Enquanto frases maleitosas exalavam, ao léu Levados e ininterruptos suspiros açoitavam-nos Não pude estender o lençol... dei-me o engodo e a miséria – tons de bemol. Perante árida alma na epopéia dum tom Desvirginei pensamento reentrante... e sorvi Não pude contar as borbulhas a exsudar da boca plácida Esperei pelo agílimo sapo – a condensar o gozo na calça translúcida. Não pude rever a hora exata do quântico fato Escravos - donos de nós - ousavam em minha lapela Fiz nenhuma questão de ser princípio Já havia concluído; já havia deitado no catre do pretérito.
Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 09/02/2010
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