Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

O Causo da Cabra de Bigode
Numa noite deitada, próximo à cocheira, veio-me a cabra cega - dessas que sonham de bombacha - atinar-me sobre o lado vicioso da vida. Dizia querer tudo, mas não o tinha. Dizia saber tudo. E começou a falar sobre futuro com a propriedade dum profeta.
Então, veio-me o alerta:
Cabras de bigode não são confiáveis!
Em sua prosas não se afinam violas, nem toras.
Ora, pois!
Por quais cargas tomou-me a caprina? Quiçá fosse bovina: mugiria alto; ou felina... Os bigodes!
Proferiu-me dezenas de amenidades - encolhidas verdades - e outras surreais marchinhas de supermercado, um montão destas.
Tanto a cabra palrou que meus intestinos se voltaram ao avesso. Disse-lha, só tinha dois: um grosso e um fino. E ela, seis: dois brancos, dois líquidos, um inteiro e um pela metade. Aventou que poderia ser da idade.
Cabra espaventada!
Enquanto chiava, meus olhos cercavam-lha pelo flanco mole, à procura do bode a passar por cabra... Não havia!
Então, o que era?
Mais proferiu e, de estarrecido que estava, continuei procurando um sinal, até encontrar no sulcozinho da anca da tal, uma plaqueta de cobre, dizendo:
“Animal supostamente Artiodáctilo, assemelha-se a um caprídeo, quadrúpede, de cor, proveniência e sexo indefinidos; falastrão, dado às estripulias, mentirolas e com intestinos múltiplos, segmentados e, provavelmente, originários de seres humanos”.
Realmente, cabras de bigodes não são confiáveis!
Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 15/05/2007
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras