Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

O SAL DA IDADE (NO ÂMAGO DAS ENTRELINHAS)
Inda não houvesse a centelha
Se tudo tivesse se apagado
Sorriria mais vezes
Por todas as ondas a me violentarem.

Inda não houvesse a memória
Deixaria ao lado do léu o pascigo
Redimir-me-ia.

Não houvesse o silêncio ensurdecedor das tardes
E a apocalíptica frieza das noites
Não conseguisse enxergar silhueta leda ao reflexo
Se os fermentados não tivessem sobrenome, nem carimbo.

Inda sim, lembrar-me-ia
De todas as vezes, das mil gargalhadas
- da boca larga, da alma ressequida -
Dos sorrisos brandos, das invernadas.

Inda não tivesse peito
Não arderia feito cicuta
Não me prestaria ás linhas, tampouco às ojerizas do verso.

Mas, movo ver além
Trás das paredes e das montanhas que o mar não esconde
Na quietude e da paz do submundo, bolhas.

Inda tivesse a tal doença, viveria por anos
Inda não houvesse as horas escorridas de graça
Surpreender-me-ia aos engasgos.

Tudo na vida é escolha, tudo no oceano é saudade.
Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/05/2015
Alterado em 13/05/2015
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