Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

CORAÇÃO ARDIDO
Tal a massa de grãos no interior do silo
O magma escarlate a esculpir a ilha
O coração do poeta arde, flameja e sangra.

Ao zarpar da nau exposta em cais
Com velas em ebulição, dissemina o caos.

A aplasia bebe da multidão os aplausos
Diretos, anestésicos e narcóticos
O dia se ajeita entre os ossos.

Tem-se o castiçal, a aldrava e as teias - cheias!
Mas não há plasma a singrar nas veias
Subitamente, o silêncio ceifa a esperança.

Através da noite, surge o morcego obeso
Com a cara desfigurada, de gastas presas
A revelar tão recôndito adágio.

A nevralgia se estende, alastra-se, adentra o esquife
Sorriso prásino a enternecer a solitude
Os vermes esquipáticos nutrem-se da carne tenra.

Já não há mais vida!
Já se olvidara tudo sobre o nada...
Há o limo espesso, pegajoso e brincalhão
Um brinde ao rigor mortis!

A eternidade o aguarda.


Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 10/09/2023
Alterado em 11/09/2023
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