Fortuna Literária - Cesar Poletto

Poetizar é exteriorizar, é exaltar o belo, e, acima de tudo, embriagar-se com a vida.

Textos

MORTEM
Apreciaria morrer
Morrer hoje, sem hesitar
De um alpendre despencar
Auscutando a bomba falhar... Fibrilação.

Apreciaria ficar sem respirar
Por átimos e átimos, séculos afora
A ressequir todo o sangue escarlate
E a boca repuxada e silente... Amolgar-se.

Tencionaria putrefar ante o rigor mortis
Perante a múltipla falência das órbitas
Aos poucos, ceifar-me-iam as memórias
Ocultas e impassivas.

Haveria frondosas, talvez ciprestes
A me locar a sisudez e a eloquência
Dum sentimento longínquo.

Por-me-iam em esquife pardo
Com lápide sorrateira, abrandada
Ao som das liras a romper o pensamento...

Mas, qual?
Mortos não atinam!
Não amam...
Contudo, não sofrem.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 11/10/2023
Alterado em 12/10/2023
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